A Arte de Degustar um Charuto
Por Celso Nogueira
Saiba aqui como degustar o seu charuto preferido, regras de etiqueta e sugestões de acompanhamentos e bebidas.
Onde Degustar
O processo de degustação do seu charuto preferido pode ocorrer no íntimo de sua casa ou escritório, convém lembrar que os charutos tem sido associados com estatuto social, estilo e prazer.
Observe alguns detalhes de como transformar a sua degustação em momentos de prazer e, é claro, arma de sedução.
A degustação de charutos favorece os encontros e as conversas, até mesmo entre as pessoas mais tímidas pois a ato de degustar charutos requer um tempo especialmente dedicado a ele, por isso, favorece a descontração e a aproximação das pessoas.
Acompanhamentos
Os Charutos não devem ser degustados durante as refeições mas sim após a sobremesa, no final da refeição completa. Verás como é extremamente relaxante acender o seu charuto preferido depois de uma refeição, após a sobremesa. Não existe um prato ideal para anteceder a degustação de um charuto, o charuto serve como complemento à refeição.
Existe até quem diga " mais vale um charuto sem refeição do que uma refeição sem charuto".
Vários são os petiscos que podem ser consumidos durante a degustação, como no caso de eventos e reuniões. Haverá o gostinho do petisco na sua boca ao degustar o charuto, esse gostinho poderá misturar-se com o sabor do charuto e poderá agradar ou não, isto vai variar de pessoa para pessoa e de um tipo de charuto para outro, pois as impressões não precisam ser necessariamente as mesmas.
O Fumo
É mais penetrante e aromático do que o fumo do cigarro, portanto, certifique-se de que o fumo não vai em direção a pessoas que se incomodem com o mesmo.
NUNCA engula o fumo de um charuto para dentro dos pulmões, pois isto ocasionará tosse, irritações na garganta e tonturas. Os Charutos não foram feitos para serem tragados e sim para que os aromas e sabores das folhas sejam misturados na sua boca.
Preliminares (como cortar)
Para degustar um charuto é necessário fazer um pequeno corte na "cabeça" do charuto, ou seja, no lado que fica em contato com a boca. Alguns charutos precisam ser cortados também no lado que vai ser aceso.
Para cortar corretamente o seu charuto, utilize uma ferramenta própria de corte como uma guilhotina ou tesoura bem afiados. O corte correto permite que o fumo flua corretamente do charuto para a boca, sem a necessidade de muito esforço pulmonar e com o fumo na temperatura correta, ou seja, não muito quente.
Para o corte do lado da "cabeça", procure posicionar a sua guilhotina, ou tesoura, a cerca de meio centímetro da ponta, ou um pouco menos, e faça o corte. Evite cortar a "cabeça" inteira pois a folha externa de acabamento da cabeça também segura o conjunto das folhas externas que suportam todo o revestimento do charuto, e se a cortar, o charuto poderá desenrolar-se e abrir.
Não fure o charuto ao invés de cortá-lo, pois o furo além de pequeno e proporcionar pouca passagem para o fumo, comprime o conteúdo interno do charuto e vai alterar a degustação.
Usar os dentes para cortar o charuto além de deselegante tem outras desvantagens pois os dentes não são tão afiados como as lâminas de uma guilhotina ou tesoura, assim, o corte será irregular; mais um "rasgo" do que um corte, e ficará com tabaco na boca o que é muito desagradável.
Degustação
Certifique-se em primeiro lugar de que é permitido fumar no local. É muito importante que se mantenha um clima harmônico durante a sua degustação, evitando incomodar outras pessoas com o seu charuto e, lembre-se, muitas pessoas ficam realmente incomodadas com o fumo, e isto deve ser levado em consideração.
Momentos de degustação tranqüila podem ser feitos em sua casa, porém, se não mora só, é boa idéia perguntar às outras pessoas se o fumo as incomodaria.
Assim como num restaurante onde seja permitido fumar, é sempre gentil e útil a fim de evitar transtornos causados pelos fortes aromas exalados pelo fumo dos charutos que se pergunte a quem estiver nas mesas do lado se o autorizam a acender um charuto e, caso não autorizem, evite confusão e ceda à preferência da maioria.
Apesar de toda essa preocupação com as outras pessoas à sua volta, não desista! Isso fará com que as suas degustações sejam ainda mais valorizadas.
Nos eventos de degustação e nos "lounge" de charutos você poderá ter momentos agradáveis e exclusivos de degustação junto com amigos, amigas e clientes. Os locais especiais de degustação, como os "lounges", possuem um ambiente climatizado e equipamentos de reciclagem de aromas, equilibrando-os.
Quando num evento, tenha sempre por perto os acessórios úteis a uma perfeita degustação: cortador, isqueiro e porta charutos. Não se esqueça de, antes de acender um charuto, procurar saber onde está o cinzeiro.
Como já citamos antes, podemos observar a qualidade de um charuto durante a degustação, assim, podemos identificar um bom charuto observando a sua cinza. A regra é se a cinza é bem clara: ótimo. Se é preta ou acastanhada, provavelmente houve problemas no envelhecimento.
As cinzas que alcançam entre 2 e 3 centímetros sem cair, garantem folhas e capa de alta qualidade "Long Filler". Ao repousar a cinza no cinzeiro observe se a brasa da ponta se manteve a arder e nítida, isto indica densidade uniforme da folha.
Cuidado com a cinza dos charutos, elas são muito quentes e podem facilmente provocar queimaduras se tocarem a pele, cabelos ou mesmo em peças de vestuário.
Nunca acenda um charuto durante as refeições, faça-o após a sobremesa e com o consenso dos outros comensais. Se é você que está a oferecer o jantar, ofereça também os charutos para os seus convidados após a sobremesa.
Bebidas
As bebidas a serem servidas durante uma degustação podem ser várias, existindo as mais indicadas, que são:
•Armagnac: bebida destilada da uva. Guarda mais o sabor da uva. Muito similar ao Cognac pois trata-se da mesma bebida destilada apenas uma vez. A sua melhor procedência é a região de Cognac e Armagnac, em França.
•Cognac: bebida bi-destilada de uva, cuja melhor procedência também é a região de Cognac e Armagnac, em França. Assim como no caso dos charutos, um Cognac bem envelhecido acentua a sua qualidade e sabor. Alguns Cognac são envelhecidos até 70 anos. Grandes marcas são: Courvosier, Hennessy Paradis, Martell Extra e Remy Martin Louis XIII.
•Rum: bebida destilada do melaço de açúcar, cuja verdadeira origem não são as Ilhas das Caraíbas, e sim a Ásia, onde a bebida já era produzida mil anos antes de Cristo. O Rum originário de Porto Rico é mais leve, enquanto que os de origem de Barbados, Ilhas Virgens e Jamaica são mais fortes e de cor mais escura. O rum é perfeito para acompanhar uma degustação de charutos. Os degustadores profissionais de charuto tomam um gole de rum entre um charuto e outro para limpar o palato bucal e preparar o paladar para um novo sabor de charuto.
•Tequila: bebida de forte sabor, destilada de uma planta de origem mexicana, chamada Agave Tequilana Weber. Exótica, algumas tequilas são vendidas com um pequena lagarta de nome Guzano, que repousa no fundo da garrafa.
•Vinho do Porto: bebida fermentada em sua maior parte, com adição de destilados como Cognac. Grande tradição e temática de confrarias, o Vinho do Porto por sí só representa um ritual de degustação e preparo. Os melhores vinhos do Porto vem da Região de Vale D'Ouro, em Portugal, onde os produtores fabricam o verdadeiro Porto, com selo de origem e controle anual de safras das vinhas locais chamadas de "quintas", qualificando-as de 0 a 10, sendo 10 a perfeição máxima da bebida. O envelhecimento do Porto pode levar até 50 anos, no caso de vinhos Vintage (especiais). Grandes marcas de Vinho do Porto são: Real Cª Velha,Croft, Fonseca e Quinta do Noval.
•Whisky: bebida muito conhecida em nossos círculos sociais, o Whisky, também chamado de "Scotch", é um belo parceiro e complemento para a sua degustação. Será necessário encontrar dentro da grande variedade de sabores e aromas das inúmeras marcas existentes, o Whisky que mais lhe agrada com cada tipo de charuto a ser degustado. Na opinião de especialistas, os Whiskies são melhor apreciados ao natural, sem adição de água, gelo ou sodas, apenas desta forma mantêm suas propriedades originais de paladar e aroma. Os whiskies americanos, ou Bourbons, com malte e destilados de milho, também fazem um belo acompanhamento ao charuto. Origem do melhor Whisky: Escócia.
Hálito Agradável
Os Charutos têm aroma e sabor marcantes, e essas marcas ficam no hálito, no cabelo, nas mãos, nas roupas e no ambiente da degustação; não se preocupe: a vantagem é que esses aromas são fáceis de serem removidos e os charutos não causam ressaca.
Para tirar o gosto e hálito de charuto de sua boca, escove os dentes inclusive escovando a língua e o céu da boca. Se possível faça um gargarejo com higienizadores bucais. Sugiro ainda, se possível, mastigar uma rodela de limão com casca.
Como Acender
A etiqueta da degustação do charuto sugere que homens e mulheres devem acender os charutos de formas diferentes, elegantes de acordo com a masculinidade e a feminilidade dos pares; no caso das mulheres primeiro deve aquecer-se a ponta, mantendo-a a conveniente distância da chama, levemente inclinado para se obter um aquecimento uniforme e só então levá-lo à boca para que a sucção forme a brasa.
Aos homens é permitido acender o charuto diretamente na boca, fazendo a sucção enquanto a chama permanece, porém a forma de acender, com a chama a distância conveniente do charuto, prevalece.
Se a chama encostar no charuto irá queimar o tabaco e as folhas externas ao ponto de carvão e isto estragará o charuto pois alterará o seu paladar por toda a degustação.
Utilize um acessório correto para acender seu charuto. Um isqueiro apropriado ou fósforos longos . O combustível que produz a chama pode passar aromas estranhos para o charuto. Quando a brasa começar a pegar você pode levá-lo à boca ou soprar a parte em brasa para certificar-se do acendimento correto.
Quanto maior o calibre de seu charuto mais tempo você levará para acendê-lo.
Há a possibilidade de que a queima ao longo da degustação aconteça de forma irregular, ou seja, que um lado queime mais rápido que outro mesmo no caso de um correto acendimento, fazendo com que a cinza fique com a base inclinada; se isto acontecer, infelizmente não há o que fazer a menos que você repouse seu charuto para que ele apague sozinho, corte a parte já degustada e acenda novamente, mas lembre-se : um charuto reacendido nunca será tão agradável como um charuto novo e, se possível, não acenda novamente o mesmo charuto num evento social; você pode até guardá-lo apropriadamente no seu porta charutos para posterior degustação em ambiente menos formal.
Quanto mais clara for a cinza, melhor o charuto. A cinza mais clara advém da queima de magnésio, mineral ricamente encontrado nos melhores solos onde se planta o tabaco, porém, muitos fabricantes de charutos de baixa ou mediana qualidade enriquecem suas folhas de tabaco já colhidas com magnésio, garantindo, assim, uma boa aparência da cinza. Um bom charuto de calibre maior poderá segura a cinza por até 3 cm de comprimento.
Dê atenção à cinza e não a deixe cair sobre roupas ou pele pois ela é bastante quente e, portanto, queima. Periodicamente bata o seu charuto sobre o cinzeiro, evitando que a cinza ultrapasse os 2cm de comprimento. Se a cinza cair sobre a roupa, a sua, ou de outra pessoa, não se preocupe, pois diferentemente do cigarro comum, o charuto é feito somente de tabaco, sem papel ou outros agentes químicos, portanto sua cinza é somente pó e vai sair com uma leve escovadela.
Como Apagar
Você pode sentir vontade de apagar o seu charuto ou ainda, outras pessoas por diversos motivos podem solicitar a gentileza de você apagar o seu habano no melhor momento de sua degustação.
O seu Charuto apagará sozinho se você o deixar a repousar, no cinzeiro. Sua brasa se reduzirá e ele irá apagar-se em cerca de 10 minutos. Claro que este tempo varia de charuto para charuto.
Ao deixar que o seu charuto apague corretamente você poderá utilizar a sua guilhotina, cortador ou tesoura para cortar a parte queimada e a cinza, conservando o restante do charuto para posterior degustação.
Não se preocupe, isto faz parte da etiqueta de fumar charuto. Apenas não conserve o charuto que já foi parcialmente degustado junto a outros charutos novos, guarde-os de forma apropriada, seja em caixa separada seja em outro porta charuto e fume-o depois. Guardando-os em separado dos charutos novos garante-se que os aromas de charuto queimado já degustado não adulterem as propriedades dos charutos novos, prejudicando-os alterando seu gosto.
Evite apagar o charuto como se faz com cigarro, ou seja, apertando a parte em brasa contra o cinzeiro ou, pior, jogando-o ao chão e pisando. Um charuto apagado indevidamente exala um forte cheiro pior que o de cigarro apagado.
Como Comprar
Este é um capítulo que requer muita atenção, devido ao cuidado que os charutos requerem. Nós recomendamos a compra em lojas que possuem estoque climatizado com umidade controlada e tem procedência garantida, como o site: www.charutosecachimbos.com.br
Vejas características de análise de um bom charuto:
•Os charutos devem ter todos a mesma coloração e formato uniforme entre o conteúdo de uma caixa ou embalagem.
•A caixa de madeira também deve ter coloração uniforme, sem manchas que possam denunciar acumulação de umidade ou outros elementos.
•Retire um dos charutos da caixa e aperte-o ligeiramente: o charuto deve retornar a sua forma original.
Na compra de unidades individuais verifique o seguinte:
1. As folhas externas devem estar brilhantes e sem danificações, cortes ou rachas.
2. As folhas externas não devem ter veios muito proeminentes.
3. O Charuto não pode estar seco.
Como Conservar
Os Charutos não podem ficar secos.
Um charuto precisa de temperatura e umidade ideais para manter a sua qualidade.
Luz em excesso também prejudica a conservação ideal de um charuto. A temperatura deve estar entre 15 e 20 graus Celsius e a umidade do ar entre 60% e 70%.
Os Umidificadores ou Umidores são caixas forradas internamente de cedro, uma madeira ideal para conservação, das propriedades de umidade e temperatura dos charutos. Muito embora esses artefato ajudem e muito na conservação da qualidade dos charutos, muitos especialistas recomendam que não se guarde charutos por mais de 2 meses em Humidificadores, consumindo-os ao longo deste período, esta opinião, no entanto, varia entre os especialistas; alguns afirmam categoricamente que ao longo de pelo menos 6 meses os charutos devidamente armazenados mantém os seus óleos e as suas propriedades aromáticas e degustativas.
Casas especializadas na guarda de charutos, na mesma proporção que adegas especializadas em vinhos finos, mantém salas especiais onde a temperatura e a umidade são controladas.
•A manutenção e limpeza do interior do humidificador deve ser feita periodicamente com vinagre branco diluído em água e depois deixado a secar à luz do sol, evitando mofo.
•Algumas pessoas guardam os seus charutos em caixas plásticas hermeticamente fechadas, tipo Tupperware; não é recomendado.
•Nunca guarde os seus charutos na geladeira.
Tipos de Charutos "Vitolas"
Os charutos podem ser classificados através de alguns critérios que variam pelas medidas (formato, tamanho e diâmetro) e pela coloração. Abaixo, você vai encontrar as descrições dos formatos mais apreciados em todo o mundo, clique na descrição para conhecer melhor o tipo de charuto ou clique aqui para conhecer as principais colorações classificatórias.
Formatos:
Especiales
Double Coronas
Churchills
Lonsdales
Gran Coronas
Robustos
Petits Coronas
Très Petits Coronas
Gran Panetelas
Figurados
Minicharutos e Panetelas
Especiales
São módulos especiais cujo comprimento está entre 23,5 e 24 cm ou mais, e cujo diâmetro está em torno de 1,9 cm.
Só existem na forma arredondada e são verdadeiras raridades cuja combustão pode se prolongar por até três horas.
Double Coronas
Com exceção dos Especiales, acima, são os maiores charutos disponíveis, com comprimento de 19 cm e diâmetro próximo de 2 cm. São considerados os imperadores do havana e muito apreciados em todo o mundo. O seu fabrico obedece a princípios muito restritos e poucas marcas tem o privilégio de poderem estampar este detalhe nos seus charutos.
Churchills
Nome dado em homenagem ao ex-primeiro ministro britânico Sir Wiston Charchill, um grande apreciador de habanos.
É um habano de dimensões medianas, entre 17 e 17,5 cm e diâmetro variando entre 1,7 e 1,9 cm. As suas variações vão dos suaves aos potentes e são fabricados pela maioria das marcas relevantes, tendo em si um significado de ser um charuto "masculino".
Lonsdales
Havanas com 15 cm de comprimento e diâmetro entre 1,6 e 1,7 cm e, como no caso dos Churchills, deve o seu nome a um aristocrata britânico, Lord Lonsdale, que encomendava charutos com essas dimensões para consumo próprio, Possuindo uma variedade de aromas e sabores, dos mais leves aos mais potentes.
Gran Coronas
Tem um comprimento entre 14 e 15 cm e seu diâmetro variando entre 1,6 e 1,9 cm, sendo um intermediário entre os tamanhos Corona e Robusto, com grande variedade de aromas e sabores.
Coronas
Possuem comprimento entre 14 e 15 cm e diâmetro entre 1,5 e 1,7 cm, sendo um formato bem equilibrado, sendo, hoje, o charuto de maior sucesso entre os havanas. De fácil manejo, proporciona cerca de uma hora de degustação.
Robustos
Cerca de 12 cm de comprimento e diâmetro de 2 cm, com agradável caráter aromático e condimentar; um charuto que ingressou nas mais famosas marcas durante os anos entre 1980 e 1990.
Petits
Coronas São pequenos charutos que medem 12,5 cm e tem diâmetro entre 1,6 e 1,7 cm, sendo degustado tanto por apreciadores de charuto como por fumadores esporádicos. É um sucesso de vendas dentre os havanas, com combustão de cerca de 50 minutos, sendo ideais para uma degustação após as refeições.
Très Petits Coronas
Pequenos charutos de 11 cm de comprimento e 1,6 cm de diâmetro. Ideais para uma degustação matinal ou para um momento de aperitivo, sendo os preferidos pelas mulheres para sua degustação, com queima entre 20 e 30 minutos, liberando seus sabores e aromas lentamente.
Gran Panetelas
Havanas elegantes, com comprimento de 19 cm e diâmetro de 1,5 cm. Obtiveram grande sucesso nos anos entre 1960 e 1970. Sua combustão dura cerca de uma hora e, apresentam variações de marca para marca, existindo com dois tipos de cabeça: levemente torcida e arredondada.
Figurados
São charutos que apresentam uma ponta em forma de bicuda, semelhante a um final cônico, com sub-itens como o modelo "Torpedo" (foto acima - também conhecido como pata-de-elefante ou pirâmide), com 14 ou 15 cm de comprimento e 2 cm de diâmetro. O bico da ponta serve de amplificador de aromas.
Figurado (Culebra)
Com formato exótico feito de até 3 charutos entrançados e amarrados como um só. As três partes devem ser separadas e fumadas uma a uma, geralmente possuem 12 a 15 cm de comprimento e são charutos relativamente raros hoje em dia.
Figurado (Diademas)
Charuto muito comprido (cerca de 21cm ou mais), tem sua ponta totalmente fechada.
Figurado (Perfecto)
Similar a um Torpedo, apenas com a cabeça arredondada ao invés de pontiaguda, variando muito de tamanho (de 11,5 até 22 cm).
Minicharutos e Panetelas
São os mais curtos e de menor diâmetro entre os charutos feitos à mão, medindo entre 10 e 11 cm de comprimento (podendo chegar, em casos, até 17 cm) por 1,2 cm de diâmetro, sendo também conhecidos como "cigarritos". A sua combustão dura cerca de 15 minutos, sendo também muito apreciado pelas mulheres.
Coloração
Um charuto tem a sua cor determinada pela folha externa que o reveste e essas cores têm sua variância devido à forma com que são preparadas para a manufatura do charuto e o local de origem do tabaco.
As cores dos charutos são melhor percebidas quando comparadas uma às outras, à exceção do Double Claro e Oscuro, os outros tons de castanho permitem margem de dúvida (castanho médio para uma pessoa pode ser castanho claro para outra caso não haja comparação direta). Degustadores constantes e especialistas já possuem as matises de cores bem definidas por experiência e podem classificar charutos por cor sem critérios de comparação direta.
Obs: como as cores podem variar sensivelmente de computador para computador devido aos ajustes de cada monitor (brilho, contraste e número de cores), não colocaremos amostras de coloração para não induzirmos ao erro.
São 7 as cores básicas dos charutos. Da cor mais clara para a mais escura, temos:
Double Claro - verde-amarelada.
As folhas desta coloração foram rapidamente secas por calor induzido e retém a clorofila das folhas. As folhas desta cor geralmente tem sabor adocicado.
Claro - ocre clara.
As folhas foram plantadas debaixo de proteção à luz do sol, colhidas antes de estarem maduras e secas rapidamente por difusão de ar. Tem sabor neutro.
Colorado Claro ou Natural - castanho claro.
As folhas foram plantadas em exposição ao sol.
Colorado - castanho médio ou castanho -avermelhada.
As folhas foram plantadas na sombra.
Colorado Maduro - castanho escuro.
Cor intermediária entre Colorado e Maduro.
Maduro - castanho escuro avermelhada a quase negra.
As folhas são fermentadas por longos períodos de tempo sob temperaturas acima da média ou cozidas em câmaras de pressão especialmente criadas para esse processo. As folhas com esta tonalidade são ligeiramente adocicadas e com gosto forte e muito característico.
Oscuro ou Negro - quase negra, mais escura que Maduro.
As folhas são colhidas da planta após longo período de maturação e são usadas somente as folhas da parte superior da planta de tabaco, onde o sol atinge a planta com mais intensidade e freqüência. As folhas são deixadas para fermentação por longo período.
A História
Estudiosos sobre charutos afirmam que a sua origem data dos tempos anteriores à chegada de Cristóvão Colombo à ilha de Cuba, quando da descoberta da América, mais especificamente na baía de Bariay, ao norte da província cubana de Holguin.
Não é possível precisar desde quando, mas os índios que Colombo encontrou já fumavam folhas de tabaco, ou fumo, entrelaçadas pois o tabaco já fazia parte de sua cultura e mitologia, sendo constante nos seus rituais de magia e festividades. Os experts mais ousados afirmam que os índios daquela região das Caraibas, os Tainos, já fumavam as folhas de tabaco entrelaçadas há mais de 2 mil anos, tendo absorvido o costume dos Maias, da América Central.
Colombo, por necessidade imposta pela nova descoberta, enviou dois batedores ao interior de uma das ilhas recém descobertas, hoje Cuba, a fim de encontrarem ouro. Os batedores eram Rodrigo de Jerez e Luis de Torres que, ao invés de ouro, encontraram entre os índios a prática de fumar as folhas largas de uma planta, o tabaco. Os homens de Colombo experimentaram, apreciaram e tornaram-se, na verdade, os primeiros europeus a fumarem, digamos, o que hoje conhecemos como charutos. Rodrigo de Jerez levou folhas de tabaco para sua cidade natal na Espanha, Ayamonte, onde as apresentou a parentes e amigos, porém, curiosamente, ao acender um charuto perto de sua casa e ao soltar fumo pela boca, foi acusado de estar possuído pelo demônio, afinal, estavam no século XV, e Jerez foi julgado culpado pela heresia, condenado e enviado para a prisão pelo tribunal da Inquisição.
Os índios chamavam esses primitivos charutos de Cohiba; hoje o nome de uma das marcas mais respeitadas de charutos em todo o mundo.
O rei Felipe II
Em 1586 o Rei Felipe II da Espanha ordenou que as folhas de tabaco fossem queimadas por serem prejudiciais ao corpo e ao espírito e por contrariarem regras da cristandade impostas pela Igreja e controladas pela Inquisição; porém, estudos indicam que a Nicotiana Tabacum - nome científico da planta que produz as folhas de tabaco que são utilizados no fabrico dos charutos - já era cultivada, de forma conhecida ou clandestinamente, por espanhóis residentes na ilha de Cuba desde os anos de 1520.
A perseguição à prática de fumar tabaco não se restringiu somente à Espanha. Em 1590 o xá persa Abbas-Sofi condenava à morte qualquer pessoa que fosse encontrada a fumar folhas de tabaco. No Japão do século XVII, o shogun Tokugawa condenava a 50 dias de trabalhos forçados os fumadores de tabaco. Na Turquia, também no século XVII, os fumadores tinham as orelhas e as narinas arrancadas por castigo por fumarem tabaco e, na Rússia do mesmo século, por ordem do Tzar, os fumadores eram castigados sendo enviados para a Sibéria para trabalhos forçados ou, até mesmo condenados à pena de morte.
A história passou a favorecer os fumadores de tabaco, na Europa, quando, em 1626, um cientista alemão de nome Johan Neander publicou um estudo sobre os efeitos terapêuticos do tabaco, fazendo uma apologia à sua utilização para a cura de diversos males. Durante esse período de desenvolvimento da tecnologia de cultivo do tabaco, especialistas já avaliavam o solo e o clima de Cuba como fatores determinantes da inigualável qualidade das folhas de tabaco produzidas na Ilha caribenha e, havendo interesse no aumento da produção local em Cuba, deu-se início à contratação de mão-de-obra escrava vinda da África, neste caso, tanto para a produção do tabaco como para plantio da cana-de-açúcar.
Já em 1862 haviam, somente em Cuba, 1302 tabacarias, sendo que a primeira fábrica completa de charutos fora inaugurada em 1810, em La Habana, e no final do século XIX já se contavam 120 fábricas de charutos em Cuba.
Ao longo do século XX a produção de charutos expandiu-se a lugares como Filipinas, Ilhas Canárias, México, Costa Rica, Camarões, Indonésia e até mesmo no estado norte americano de Connecticut.
Muitos dos charutos produzidos nestas regiões são de boa qualidade, porém os charutos cubanos, ou “habanos”, continuam insuperáveis na opinião de boa parte dos especialistas e apreciadores, não somente pela tradição histórica envolvida, mas também pela real qualidade e esmero na sua produção, desde a escolha das sementes às embalagens em caixas adequadas.
A palavra “Habano” é sinônimo de charuto de alta qualidade.
A divulgação da arte de apreciar charutos proporcionada pela mídia mundial e pela aparição de grandes astros e estrelas de renome degustando os seus charutos e criando uma aura de glamour e sofisticação, tornou a degustação de charutos uma arte e um objeto de estudo, além de um excelente negócio para empresas produtoras e os proprietários de famosas tabacarias e marcas de charutos de todo o mundo, reunindo verdadeiras confrarias de degustadores, colecionadores e estudiosos.
Somente Cuba acaba de produzir, no ano 2000, um total de 200 milhões de charutos para exportação. Hoje em dia, os charutos cubanos não podem ser vendidos ou sequer fumados em território norte americano, tendo em vista o embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba imposto no início dos anos 60, uma herança da Guerra Fria. Vender, transportar ou fumar charutos cubanos nos Estados Unidos custa ao infrator uma multa de 20 mil Dólares e pena efetiva de prisão; teme-se que com a maior flexibilidade das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Ilha de Fidel Castro, o embargo possa ser parcialmente suspenso, neste caso, se os charutos cubanos passarem a ser vendidos nos Estados Unidos, teme-se uma escassez mundial dos “habanos” e um aumento expressivo dos preços, uma vez que os Estados Unidos poderão absorver boa parte da produção cubana, tendo em vista a imensa procura .
Texto retirado de:
http://www.charutos.com.br/artigos/art_charutos01.htm